sábado, 17 de abril de 2010

Clássico em família


Pai botafoguense, mãe flamenguista, eu precisava escolher um time. Era mesmo necessário? Claro, todo mundo tinha de ter um, garantiram meus irmãos. Dois deles alvinegros, um rubro-negro... Pensei uns dias e tomei a decisão, zelando pelo equilíbrio familiar, suponho.

Meu irmão mais velho não admitia que alguém neste mundo, ou pelo menos naquela casa, torcesse para outro time que não fosse o Botafogo. Desde pequeno, ele também adorava uma doutrinação. Então reuniu suas duas características mais marcantes no maior fanatismo futebolístico já visto em uma criança.

Durante toda a nossa infância, a música mais ouvida lá em casa foi o hino do Botafogo. Não tinha pra Chico Buarque, pra Roberto Carlos, não tinha pra ninguém. E não só em dia de jogo, mas todo santo dia, e muitas, muitas vezes. “Botafogo, Botafogo...”.

Aquelas notas insidiosas trabalhavam na minha cabeça com o poder de uma profunda lavagem cerebral. Foi um milagre eu não ter virado casaca, prova de que “uma vez Flamengo, sempre Flamengo”... Mas o inevitável aconteceu: aprendi o hino do Botafogo como quem aprende tabuada. Ou seja: para sempre.

Flamenguista que sabe de cor o hino do Botafogo?! Uma aberração, também acho. Deve ter sido pra resolver essas questões “psico-esportivo-existenciais” que inventaram o “segundo time”. O meu, por motivos óbvios, acabou sendo o da estrela solitária.



5 comentários:

  1. Só o lado botafoguense da família gostou, não sei por quê...

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  2. ....eu vou te contar, hein!, Isso só pode ser uma aberração mesmo. Onde já se viu isso!" Que falta de absurdo!!!"
    Uma vez Flamengo sempre flamengo e somente flamengo.

    Beijos querida Madu, você está cada vez melhor e mexendo com os nossos sentimentos.

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  3. Madu, eu fiz minha escolha aos 8 anos pelo Botafogo...bem diferente de sua família, com pai flamenguista e mãe tricolor, isto me empurrou para a diplomacia desde cedo. Como boa filha única, decidi por um time terceiro, que até causasse uma certa frustração nas partes interessadas, mas sem melindres ao amor filial.
    Escolha corajosa, afinal, com origens luso italianas, onde a maioria sempre foi vascaína, decidir-me pelo Glorioso foi tarefa que no mínimo me fez perder horas com explicações a quem não sabia da história completa.
    Eu tb aprendi os hinos de times alheios...
    No meu caso, a lavagem cerebral maior era feita por minha mãe, que arranjou letra e um disquinho daqueles compactos para me fazer encantar e cantar com o " Sou tricolor de coração..." Sei tudo! Bem, não parou por aí; tb aprendi o hino do Vasco e o do Flamengo.
    Enfim, sempre diplomata, ainda dizia que meu "segundo time" era o Grêmio...e assim fiquei livre de muitos problemas, exceto não poder comemorar tantas vezes como meus amigos flamenguistas, os valorosos títulos, já alcançados. "Uma vez diplomata, sempre diplomata" Saudações Alvinegras e parabéns pelo Blog, considere-me visita constante por aqui! Beijos da Angel

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  4. Viu só, João? É uma questão de diplomacia (como disse a Angel) e também de generosidade familiar...

    Obrigada, queridos. Voltem sempre.

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  5. ...Bom, você sabe também que eu sou filho de pai vascaino e sei cantar o hino do vasco, aí não tem como é coisa de convivência, mas nem por isso digo que o vasco é meu segundo time.As questões "futebolísticas" transcendem as questões diplomáticas.A diplomacia da Angélica se concentrou em um campo neutro, ela declarou o Grêmio como seu segundo time e não um arquirival carioca.

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