domingo, 9 de março de 2014

Oscar


Li uma crítica severa a  12 anos de escravidão, filme vencedor do Oscar 2014. Não era o meu favorito, porém o filme me deixou com taquicardia. Ora, filme ruim pode me causar uma grande irritação, mas taquicardia...
Ok, concordo com algumas críticas ao roteiro e aos personagens. Fora o personagem do Brad Pitt, os brancos parecem estereotipados na maldade (o personagem Tibeats do Paul Dano, por exemplo), mas acho que era exatamente esta a intenção do diretor Steve McQueen: enfatizar a crueldade da escravidão.  
Em alguns momentos, achei exagerado o Edwin Epps do Michael Fassbender,  mas... é o Fassbender, cruelmente sedutor em qualquer papel. Acho que ninguém faz um personagem cruel ou atormentado como ele. Fassbender hipnotiza. Fassbender arrebata. Quem viu Jane Eyre sabe do que estou falando...
Não, não foi o Fassbender a causa da minha taquicardia e, sim, as torturas impostas aos negros, para lá de realistas. Gostei  muito da Lupita Nyong’o (linda e talentosa), e também do protagonista (Chivetel Ejiofor). Confesso que não gostei da sequência  final (uma história daquelas merecia um desfecho mais impactante, penso). 

De modo geral, gostei do filme. Acho que tem o mérito de lembrar mais uma vez o quanto a escravidão é vergonhosa.  A plateia ri quando Epps solta frases do tipo  “que mal eu fiz pra merecer tal castigo?”. O personagem do Fassbender traz à memória aquele povo que é a favor de linchamentos e contra a greve dos garis, não sei por quê...
Um filme que remete a mazelas contemporâneas, definitivamente, não pode ser considerado "o pior do ano". É um filme necessário (assim como a greve dos garis...).
A propósito, os garis do Rio também conquistaram seu Oscar: aumento de salário. Abaixo do que pleiteavam, ainda insuficiente no Rio Surreal, mas uma grande vitória.